
ANA SABIÁ
utopias botânicas, 2024




















Utopias Botânicas, 2024
Ao estar em julho, pela primeira vez no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, fiquei extasiada com a paisagem verde construída pela corte portuguesa no século XIX. O espanto na percepção de passagem e transformação do tempo a partir daquelas árvores centenárias, em comparação à nossa diminuta e evanescente figura, me provocou a pensar que, ainda que breves, deixamos consequências destrutivas a cada geração mais degradada e degradante neste planeta que vivemos. Espécies emblemáticas da Mata Atlântica como o pau-brasil, araucária, peroba, entre outras, estão, segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, terrivelmente ameaçadas de extinção.
Este trabalho age na transformação das matérias, das ideias, dos afetos. Apela à utopias e ações. Busca planejar futuros reavendo os ancestrais, como defende Krenak. Ultrapassa a ordenação dos jardins europeus para reconquistar o sensível caos fecundo que ainda subjaz em nossas florestas. Desarma limites para estar entre limiares. Aponta estratégias entre técnicas e misticismos entre linguagens, conceitos, estéticas e percepções. Divaga na experimentação de diálogos entre o desenho e a fotografia; entre o figurativo e o abstrato; entre a câmera obscura e colagem; entre a tinta nanquim e a seiva; entre a poesia e a ação política; entre os devaneios e devires.
fotografia autoral • arte